Ainda na cama idealizei como seria o meu dia. Levantava-me para beber uma grande caneca de café acabadinho de fazer enquanto deambularia pela casa e ocasionalmente olharia pelas janela para contemplar o sol. O ideal seria que as janelas dessem para uma daquelas ruas lindas e tranquilas que existem em Lisboa de preferência com vista para o Tejo, mas adiante, não se pode ter tudo. Depois sairia para uma bela caminhada a pé e à chegada tomaria um longo banho (peço desculpa aos ambientalistas pelo gasto de água mas de vez em quando sabe bem).
Depois disso sentar-me-ia numa chaise longue com o meu portátil no colo, ou sendo ainda mais romântica, na minha (futura) máquina de escrever. Seguir-se-ia um almoço leve, um passeio pela baixa ou simplesmente um bom filme sendo o resto do dia ocupado a escrever (entrando também pela noite dentro como eu gosto), com o respectivo gato enrolado nas minhas pernas. Isto sim seria o meu dia de sonho, ou melhor, a minha vida de sonho.
Honestamente, quem é que gosta de trabalhar? Da rotina das 9 às 5h em que é sempre vira o disco e toca o mesmo? Quem é que aprecia o tédio? O trabalho mecanizado? Não seria fantástico que cada pessoa tivesse possibilidade de fazer apenas o que lhe desse prazer e felicidade?
Eu adoraria uma vida de diletantismo romântico. Que maravilha! Que saudades de um tempo que nunca vivi. Serões de tertúlias, de ópera, de teatro e do dolce fare niente... Que bem tudo isto é retratado na obra do grande e inigualável Eça de Queiroz. Adoro. Quem dera ter feito parte dessa época.
Os dias de hoje não permitem tais luxos. Não assim. Cada vez mais o tempo de qualidade é menor e pior que tudo, as os miúdos de hoje parecem fazer gala em representar uma geração detentora de uma ignorância bestial.
O cool hoje é ter um iPad ou iPhone, mesmo que para isso se desfaça a cabeça aos pais para os receberem como presente de Natal e terminar todas as frases com LOL.
Será que estes putos sabem o que quer dizer LOL? Não me parece.
Outra coisa que noto nesta miudagem é que não se sabem expressar, não conseguem por palavras explicar o que quer que seja a ninguém. Quando confrontados com alguma situação em que tenham que falar, a prosa inicia-se com um "Tás a ver é bué..." e termina uns segundos depois sem que alguém tenha sequer dito alguma coisas com um "Não percebes".
Mas não percebes o quê? Foi dito alguma coisa? Juro que só me apetece sacudi-los pelos ombros, virá-los de cabeça para baixo para ver se se agita por ali alguma coisa. Credo, que tristeza!
Creio que se caminha a passos largos para a tomada de posse do grunhês e não do Português. Aí é que depois fazemos um figurão no resto da Europa, agora caloteiros e endividados, depois burros. Já estou a ver em Bruxelas a bancada parlamentar de Grunhal (com a forte possibilidade de ser uma província de Espanha) a fazer furor com os seus Eurodeputados do partido do LOL. O que eu tenho a dizer? Eu estarei ROFL.
Seja como for, todo o meu sonho romântico de passar o dia por casa terminou rápido porque o tempo estava a passar e só por acaso eu tinha que ir trabalhar. Das 9 às 5h, como manda a sapatilha.
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Dizei de vossa justiça minha gente :)