quinta-feira, 27 de maio de 2010

Today I Feel.... Naughty :)

Down in Mexicali
There's a crazy little place that I know
Where the drinks are hotter than the chili sauce
And the boss is a cat named Joe

He wears a red bandana, plays a blues pianna
In a honky-tonk, down in Mexico
He wears a purple sash, and a black moustache
In a honky-tonk, down in Mexico

Well, the first time that
I saw him
He was sittin' on a piano stool
I said "Tell me dad, when does the fun begin?"
He just winked his eye and said "Man, be cool."

He wears a red bandana, plays a blues pianna
In a honky-tonk, down in Mexico
He wears a purple sash, and a black moustache
In a honky-tonk, down in Mexico

All of a sudden in walks this chick

Joe starts playing on a Latin kick

Around her waist she wore three fishnets

She started dancin' with the castanets

I didn't know just what to expect
She threw her arms around my neck
We started dancin' all around the floor
And then she did a dance I never saw before.

So if you're south of the border
I mean down in Mexico
And you wanna get straight,
Man, don't hesitate
Just look up a cat named Joe.

He wears a red bandana,
plays a blues pianna
In a honky-tonk, down in Mexico
He wears a purple sash, and a black moustache
In a honky-tonk, down in Mexico

The Coasters.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lovely :)

"Antes de tres lunas volveré por ti,
antes que me eches de menos.


Dejaste vías muertas tendidas al pasar,
nunca te he esperado tanto.


A un minuto de ti, voy detrás de ti.
A un minuto de ti, te seguiré.


El viento se ha calzado sus guantes de piel,
entretiene con mi pelo.



Bebo el agua que viene conmigo,
estoy estancado en tu reflejo.


Solamente de ti, gota a gota,
solamente de ti, veneno y sed.


Llegaré solo hasta el umbral.
¡Qué puedo perder!

Me atreveré, cuento un paso más.
No soy como tú.


A un minuto de ti, voy detrás de ti.
A un minuto de ti, te seguiré.


Voy a arder, braceo en espiral,
me vuelvo a repetir.


Saltaré, planeo en derredor no soy como tú."



Mikel Erentxun

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Gaivota.


Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.


Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.


Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.


Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.


Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.


Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

E às duas da manhã vi a luz!!


Não é fácil, mas de vez em qando acontece.
Quero apenas partilhar com os meus fiéis leitores que numa hora de inspiração divina, foi criada por mim uma nova palavra.

É com grande honra e orgulho que apresento publicamente o meu contributo para a Língua Portuguesa:


Belzebesta!!


Ficará para sempre gravado nos anais da história da língua esta genial criação feita por mim.

Belzebesta significa, e uma vez que a palavra é nova tenho o dever de a explicar, uma mistura entre a figura mítica demoníaca de Belzebu com a palavra besta.

Falo então de um ser que será em simultâneo mau e estúpido.

Isto merece desenvolvimento, mas a hora não é a mais adequada visto que o elefante cor de rosa que está no canto da sala acabou de por os óculos de sol e prepara-se para dançar vigorosamente ao som de James Brown.

Ausento-me portanto.

Graciosamente, Eu.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Hoje não flui....


Hoje levantei-me com intenção de prosseguir com a terapia de escrita mas não dá.

Estou pelos cabelos com a vinda do Papa a Portugal.
Já não consigo ouvir falar no Ratzinger ou Bento XVI como queiram!
Eu não gosto do homem de maneira nenhuma. É só de mim ou ele tem um ar demoníaco?

Nossa Senhora.

Não sei se ele é mais parecido com o Lurch da Família Addams ou com o Yoda do Star Wars... Adiante.

Se o nosso País estivesse economicamente estável eu até tolerava o gasto absurdo que está a ser feito devido ao senhor vestido de branco mas dada a actual situação económica até parece gozo!Não é fantástico o Vaticano ser um dos Estados mais ricos do mundo e sermos nós, os contribuintes Portugueses a pagar esta fantochada?!

O microfone que sua Santidade vai usar para proferir a missa às 18 horas no Terreiro do Paço foi folheado a ouro propositadamente para a ocasião.

A cadeira para sua santidade acomodar o seu divino traseiro foi feita especialmente em Paços de Ferreira! Espectacular!


Só falta noticiarem que à noite, o Papa será banhado nos seus aposentos forrados a madrepérola, especialmente construídos para esta ocasião, por anões virgens albinos das montanhas do Tibete!!!!!


Espero que o povo tenha a noção que esta vinda à Tugalândia só se deve à actual controvérsia instalada mundialmente devidos aos devaneios sexuais de padres pedófilos.
É o que dá, na minha opinião, a Igreja manter o voto infeliz e hipócrita de que os padres não podem casar.

Meus amigos, ou deixam os padres casar, ou então estes abusos vão continuar. Por muito crentes e convictos que os mandatários de Deus sejam da sua Fé, não deixam de ser homens de carne e osso com sangue a pulsar nas veias e muito desejo sexual reprimido.

É que tanto quanto eu sei, quando são ordenados Padres ninguém os manda castrar por isso aguentem-se as consequências.
Só a vinda a Portugal é capaz de serenar os ânimos já que os Tugas são dados à boa paz e Nossa Sra de Fátima também dá uma ajudinha.

O que vinha mesmo a calhar era dispararem uns tirinhos para o Sr. passar instantaneamente de lobo mau a mártir num ápice. Com um bocado de sorte ainda se alterava o cenário actual!
Estou a imaginar os títulos dos jornais: "Após investigações, afinal foram as crianças, tomadas irracionalmente pela fugosidade das hormonas juvenis, que violaram os padres!"

Mas enfim... Já chega de escárnio e maldizer porque como diz o ditado: "Ainda só agora a procissão vai no adro!".
É que ainda faltam uns dias para ele voltar à sua humilde casa e poder relaxar desta actividade intensa na capela Sistina a contemplar os frescos de Miguel Ângelo.

terça-feira, 27 de abril de 2010

O Dia D.


No dia 26 de Dezembro de 2002 saímos de casa bem cedo para irmos a Coimbra levar a minha mãe para ser internada.

Desta vez íamos três e voltaríamos só dois.

Este foi de todos o momento que tentei por várias vezes imaginar mas nunca consegui por isso, parecia que estava a caminhar em terreno minado.

A manhã estava enevoada e chuvosa. Eu sentia o corpo dorido de tão tenso, mas tentei controlar-me o mais possível para não transmitir qualquer tipo de ansiedade à minha mãe.
Quando chegámos ao IPO, fomos com ela fazer as análises do pré-operatório e de seguida tomámos todos juntos o pequeno almoço.


Não consigo relatar com pormenores tudo o que se passou naquele dia, visto que apaguei algumas coisas da memória.
Recordo-me sim, muito bem, do que senti na altura e só peço a Deus para não voltar a passar pelo mesmo.

Embora sabendo que há milhares de pessoas que já passaram, e estão neste momento a passar por algo semelhante, cada um sente à sua maneira.
Não é que eu seja a filha mais perfeita do mundo, ou que a minha mãe seja um ser modelo, nem tão pouco que a minha família seja o protótipo de uma família perfeita, no entanto é assim que eu nos vejo.

E essa visão deve-se ao amor que nos une e à relação que foi construída desde o dia que os meus pais casaram e resolveram constituir uma família.
Eu sei que tenho uma Família! Sei que nem toda a gente tem essa sorte, outros haverá que nem sequer têm essa noção, do que é uma família, mas eu tenho, e é muito forte.
Percebe-se então o porquê de o meu cérebro não processar os actos ocorridos na altura mas sim o sentimento avassalador que me destruiu nesse dia.


O dia 26 de Dezembro foi o dia em que perdi o sorriso.

Foi o dia em que envelheci e ganhei duas rugas na testa, uma de dor e outra de preocupação.

Foi o dia em que morri e renasci, só que ao contrário da primeira vez, a dor de nascer (de novo) ficará para sempre registada na minha memória.

Sempre tive uma boa memória. A minha mãe diz que puxei à minha bisavó. Pelo que ela conta a cabeça da minha bisa parecia um computador registava e guardava tudo.
Infelizmente na velhice isso não lhe trouxe benefício nenhum visto que acabou por enlouquecer...

Na minha cabeça os acontecimento ficam registados como um filme. Quando quero recordar alguma coisa basta fechar os olhos e deixar fluir. É como no Cinema Paraíso, coloco a bobine, ligo o projector, et voilá!

Tenho que admitir que é bestial ter memória fotográfica. Só não quero ter o mesmo fim da bisa V.!

Neste caso concreto consigo visualizar-nos numa sala de espera, de repente a bobine salta, e vejo-nos já na enfermaria junto à cama em que a minha mãe ia ficar.
Como não havia muito a dizer e nada a fazer despedimo-nos dela e viemos embora.
Dei-lhe um beijinho com o coração muito muito apertado e com os olhos rasos de lágrimas.

Saí da enfermaria sem olhar para trás.

Chamei o elevador e enquanto esperava o meu pai juntou-se a mim. Assim que entrámos, não aguentei mais. Chorei e solucei como uma criança.
Senti-me abandonada e sozinha no mundo nesse momento. Mas pior que isso, era o sentimento de ter deixado ali a minha mãe, abandonada ao medo e à sua própria sorte no Hospital do cancro.

O meu pai abraçou-me também a chorar e pediu-me para ter calma. Foi horrível sentir a voz tremida do meu pai e as lágrimas dele a correrem na minha face.
Ainda agora consigo sentir aquela tristeza e aquela dor. Tal como naquele dia, também hoje não consigo conter as lágrimas.
Assim que cheguei à rua perdi o controlo e desatei num pranto. Doía-me o peito e quase não tinha ar para respirar.

Consegui atravessar a estrada, mas depois disso não consegui andar mais. Simplesmente caí e fiquei sentada entre o passeio e a estrada a chorar. Os carros e as pessoas continuavam a passar como se nada fosse.
O meu pai estava mais à frente, de costas para mim, encostado ao que julgo ser um sinal de trânsito a chorar. Ali ficámos assim durante algum tempo, até que ele veio, e me ajudou a levantar para irmos embora.
Entrámos no carro e ficámos em silêncio durante um bom bocado até que finalmente eu tomei a iniciativa e disse ao meu pai que já não estávamos ali a fazer nada e tínhamos que ir embora.No dia seguinte, devido à hora da cirurgia, não seriam permitidas visitas.

Só íamos poder voltar a ver a minha mãe dia 28 já sem a mama.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

E porque também é preciso amor...


Sabes que te amo e que faço tudo por ti.

És o motivo pelo qual me levanto de manhã e porque também escrevo durante horas intermináveis, à noite.
Sou estranha, eu sei. Mas é assim que sinto bem.

Sou feliz contigo e para mim é só que interessa.

Os últimos tempos não têm sido fáceis, mas acredito que se aguentámos até aqui, é porque a vida ainda tem muito para nos dar.

Basta acreditar. E eu acredito.

Preciso que não percas a fé e a esperança de virmos a construir um mundo melhor. Um mundo em que lutamos os dois lado a lado e nos congratulamos com mais um tijolo assente para o projecto que temos em mãos.

Neste momento está temporariamente em stand by, mas ambos sabemos que não é por falta de vontade ou porque algum de nós desistiu.

O sonho continua e está vivo dentro de nós.

Está apenas muito quietinho e escondido num sítio que só nós sabemos para que ninguém o possa encontrar e destruir.
Tudo irá melhorar. Prometo!

Esta minha terapia faz maravilhas e a vontade de viver está a voltar com mais força do que eu própria poderia imaginar. Tenho,sinto novamente vontade de voltar a ser EU!!!
Primeiro fiquei surpreendida mas depois de descobrir o porquê, faz sentido.
Tenho mais força e mais vontade de viver porque existes na minha vida e dentro de mim existe uma grande vontade de te fazer feliz por muitos e muitos anos.


És o meu ponto de apoio, a minha luz e a minha força.

Beijinho do teu Koala de Pé Frio.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Um estranho pedido de Natal.


A partir do momento em que dizem: "Pode ser chamada a qualquer momento!", acaba-se o sossego.

Por muito que se queira ou tente agir naturalmente, tudo vai por água abaixo com o simples tocar do telefone ou com a chegada do correio.
Os dias passavam lentos e as horas pareciam intermináveis.

Depois daquela última consulta nada mais havia a fazer. Tudo o que havia para ser feito ou dito já estava.
Restava agora uma espera indeterminada.

Durante esse tempo, apesar da espada que sentia sobre a cabeça, os dias decorriam dentro de uma normalidade à qual não estávamos habituados.


O meu pai andava bastante nervoso, passava bastante tempo fora de casa a trabalhar e quando estava em casa não falava sobre o assunto.


Eu adoptei o método de, durante o dia com a minha mãe andar sempre hiper activa e bem disposta. À noite, na privacidade do meu quarto libertava todas as minhas frustrações em intermináveis horas de choro. Normalnemte adormecia assim. Todos os dias rezava para que tudo corresse bem. Houve dias em que de facto acreditei que as minhas preces estavam a ser ouvidas mas havia outros que é impossível esquecer.

A minha mãe ora andava apática ou fazia de conta que estava normal. Claro que o que existia era uma enorme fragilidade que um simples sopro podia abalar a qualquer instante.
Os momentos de fraqueza da minha mãe perturbavam-nos a todos, não só porque a víamos em desespero mas também porque despertava os nossos próprios receios.

Houve um dia em particular, julgo que já em meados de Novembro, que me ficou guardado na memória, não pelo que foi dito, não pelo que se passou, mas sim pelo que senti.


Já tinha passado cerca de um mês e meio desde a última consulta e não havia qualquer notícia por parte do IPO. Durante esse tempo muitas coisas passam pela cabeça, boa e más, mas também muita gente opina da pior maneira possível.

Sempre que saíamos à rua e éramos abordadas por alguém que já sabia da "grande tragédia" era um desastre.
Toda a gente tinha uma história para contar de um familiar ou alguém conhecido que tinha tido cancro e faziam questão de relatar tudo ao mais ínfimo pormenor.
A maior parte destas histórias terminavam com a morte da pessoa em questão e sempre que isso acontecia eu via a cara da minha mãe fechar-se de preocupação e medo.


Nunca na vida tive que controlar tanto os meus instintos de fúria. Só me apetecia esbofetear todas aquelas pessoas e mandá-las morrer longe de mim.
Ainda hoje vejo a maior parte dessa gente como abutres.
De qualquer forma esses episódios tinham sempre consequêcias negativas na minha mãe e era muito complicado conseguir dar novamente a volta à questão.

Todos os dias eu fazia questão de ter tempo para o discurso positivo de mentalização e de perspectivar o futuro.

Esse dia, porém, não funcionou. Estávamos só as duas a almoçar e subitamente os pratos voaram da mesa e a minha mãe tem um ataque de pânico/fúria incontrolável.
Chorou, gritou, desesperou... Fez tudo a que tinha direito.

O tempo estava a passar e ela só queria que tirassem "aquilo" de dentro dela. Quanto mais o tempo passava pior. Como ela costumava dizer: "Na demora é que está o perigo".
Completamente transtornada, ligou para o IPO e falou com alguém tal como se estava a sentir e a pensar no momento.

Eu não aguentei estar a ver a cena e fui para o meu quarto e foi o que senti que me marcou.
Senti uma pena enorme da minha mãe e uma espécie de vergonha por ela ter perdido a compustura daquela maneira a ponto de ligar para o IPO a gritar.

Senti pena dela porque sabia que ela não queria morrer. Eu não queria que ela morresse. Senti-me envergonhada por ela estar a ligar naquele pranto para o Hospital. Senti resignação. E senti vergonha de mim mesma por me estar a sentir assim.

Ainda assim, continuei no quarto tempo suficiente para arranjar coragem de a encarar novamente.

Quando voltei para junto dela, disse-me que devido à conversa que teve com o IPO a tinham colocado numa lista de espera de desistências.
Fiquei sem perceber mas ela apressou-se a explicar.

Estávamos a aproximar-nos do Natal e apesar da época as cirurgias continuam. No entanto, há muitas pessoas que são chamadas e desistem porque recusam ser operadas naquela quadra festiva.
Eu considero isso uma estupidez porque afinal de contas, com que espírito é que uma pessoa está em casa com a família a saber que tem o "diabo" no corpo e que só por ser Natal e Ano Novo desistiu da operação que a pode salvar e sem perspectiva de uma nova data?
Enfim, cada um é que sabe.

Tenho que confessar que de início tive um baque mas depois não liguei e pedi a todos os santinhos para que ela fosse chamada. Foi esse o meu pedido para presente de Natal.


A partir desse dia as coisas serenaram um pouco e a rotina do dia a dia continuou.

Entretanto fiz 23 anos e para o Natal já só faltavam dez dias. Não havia quaisquer notícias.
O desespero voltava a instalar-se.

Até que numa manhã o telefone tocou e eu atendi.

Identificaram-se como sendo do IPO e perguntaram se estavam a falar com a minha mãe. Como a senhora do outro lado da linha parecia estar com alguma pressa disse que era eu. Do outro lado ouvi: "Houve uma desistência de cirurgia para dia 27 de Dezembro. Aceita?"

Imediatamente assumi a vontade da minha mãe e disse que sim. A senhora continuou: "Tem que se apresentar no IPO dia 26 de Dezembro às 11h da manhã para internamento."

Voltei a dizer que sim e terminou a chamada.

Sentei-me no sofá com uma sensação estúpida no peito. Era um misto de euforia e pavor.
Se por um lado estava contente por a terem chamado para ser operada, por outro seria o prosseguir do pesadelo. Ignorei os meus sentimentos e fui à procura da minha mãe pela casa.

Ela vinha a descer as escadas que dão acesso ao sótão e estava a sorrir. Engoli em seco e disse-lhe.
Reagiu exactamente como eu. É uma experiência única, verdadeiramente agridoce.

Já faltavam poucos dias para o Natal e para a operação. O que fazer?
Ceder ao medo e entrar novamente no turbilhão de pavor do desconhecido, ou adoptar a quadra Natalícia para fugir ao que se aproximava?

Nesse mesmo momento fui ao sótão e trouxe todas as tralhas decorativas e meti mãos à obra. Andei horas naquilo. A certa altura até a minha mãe se entusiasmou e começou a pendurar enfeites por todo a lado, nas portas da rua e de casa, nos candeeiros, nas paredes... Uma loucura. À noite, quando acendemos a iluminação e vimos o espectáculo montado rimos que nem duas perdidas. Estava demais.
Nunca mais voltámos a fazer uma coisa assim!

Depois disso os ânimos serenaram mas a preocupação começou a dominar a situação aos poucos e o dia de Natal foi como se não tivesse existido.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Sentença.


Por muito que tente nunca conseguirei explicar o que senti durante aquela viagem.

A tristeza era o sentimento dominante mas estava também muito revoltada com a vida e especialmente com o rumo que a situação estava a tomar.
A minha vinda para Lisboa, quando tinha 18 anos, marcou a minha entrada na vida adulta, o meu crescimento pessoal, sentimental e ajudou em grande parte a fazer de mim o que sou hoje.

No entanto Lisboa signicava acima de tudo a minha independência. Saí de casa dos meus pais directamente para a grande cidade e pela primeira vez na vida estava por minha conta e risco.
Tudo o que fizesse teria consequências e fossem elas boas ou más só eu era responsável.

De início reconheço que foi duro. A saudade dos pais e do conforto do lar onde cresci eram muitas mas foi a capacidade de gerir esses sentimentos que me fez crescer e amadurecer. A partir do momento que o fiz comecei a aproveitar e a tirar partido de tudo quanto esta cidade tinha e continua a ter para me oferecer.

Lisboa é uma cidade linda.


Por muito deprimida ou por muito mal que esteja, nada me faz tão feliz como deambular sem destino pela cidade, descer a Avenida da Liberdade e subir ao Chiado para tomar um café na Brasileira, olhar durante horas a fio para a Ponte, deslizar pelo rossio até ao Martim Moniz e desfrutar daquele ambiente repleto de diferentes culturas e cheiros.

Além disso, nada supera aqueles dias especias, que pela magia que têm, se tornam irrepetíveis por serem plenos de fascínio.

Os solarengos dias de Outono em que a cidade está envolta por um ténue nevoeiro adocicado do cheiro inconfundível das castanhas assadas.

As noites quentes de Verão e o aroma quente das sardinhas assadas vindo dos bairros castiços.

As tardes de Primavera onde se pode sentir o pulsar do coração de uma cidade que desperta para os dias de calor que se aproximam.

As manhãs de Inverno em que se sente o ar fresco e húmido do Tejo que se infiltra nas narinas e faz despertar o corpo para mais um dia de trabalho.

Os monumentos, que pela sua grandiosidade e beleza que me transportam para tempos e locais remotos e me proporcionam viagens fantásticas no espaço e no tempo interrompidos apenas pelo som inconfundível do deslizar do eléctrico pelos carris.

Como diz o poeta: "É esta Lisboa que eu amo!".


Todos estes sentimentos me acompanhavam na viagem de regresso a casa e por isso era imposível conter as lágrimas. No entanto, chorava também porque a minha mãe estava doente e precisava de todo o apoio e carinho que eu lhe pudesse dar e acima de tudo porque não a queria perder.
Chorava pela incerteza do futuro e chorava com medo do desconhecido.
Chorava acima de tudo com medo da morte que por esses dias ocupava a minha mente.

Não tenho qualquer memória da chegada a casa nem dos primeiros dias que lá passei. Recordo-me apenas do sentimento de alívio que tive inicialmente por estar junto da minha mãe e por sentir que o que estava a fazer era o correcto.

Sei apenas que os dias foram passando até irmos novamente a Coimbra à consulta que iria determinar o destino próximo da minha mãe e a partir daí sim, tudo quanto aconteceu está gravado na minha memória.
Assim que foi dito que o tumor era maligno, tanto os meus pais como eu nos mentalizámos que o mais provável seria a minha mãe avançar para tratamentos de Quimioterapia antes da operação.

A primeira coisa que ela disse foi que caso isso acontecesse, antes mesmo de começar os tratamentos iria rapar o cabelo para não passar pela humilhação de o ver cair.
Apesar de ter concordado com a decisão dela não queria pensar sobre isso.

A consulta foi, tanto quanto me consigo recordar, em finais de Outubro. Estava uma tarde chuvosa e um nevoeiro denso. O ambiente estava de cortar à faca.
Ao contrário das vezes anteriores não foi preciso dar entrada para as consultas e fomos encaminhadas para um outro piso.

Ao chegar lá, percebi que esse piso era o dos gabinetes de reuniões.

Os gabinetes não eram mais que salas com a mesma dimensão dos consultórios com a diferença que as mesas eram ligeiramente maiores e as paredes eram envidraçadas.
Sentámo-nos à espera, de frente para um gabinete onde estava a decorrer uma reunião e durante alguns minutos fiquei a observar o grupo de médicos que lá estava reunido.

Cá fora não se ouvia rigorosamente nada.

O que eu observava eram as expressões faciais de cada um deles. A conversa decorria serenamente entre eles, não havia qualquer sinal de agitação nem tão pouco de exaltação no entanto o cenário era para mim extremamente interessante até que finalmente percebi porquê.
Ninguém naquela sala estava a sorrir. Todos tinham a mesma expressão facial.
O mesmo semblante carregado de quem está a decidir o rumo de vidas humanas que se encontram no limiar da vida e da morte e eles, apenas mortais, estavam a tomar decisões de Deus.

Ao aperceber-me disso fiquei transtornada e tentei desviar o olhar mas não conseguia.
Resolvi então analisar cada um dos médicos e tentar descobrir qual deles é que iria falar connosco e dizer de sua sentença.

Acabei por desistir visto que estavam cerca de dez pessoas dentro da sala e podia ser qualquer um.

Cerca de trinta minutos depois, dou por mim já dentro de uma sala a falar com um médico, que juro não saber se estava naquele grupo ou não, e as notícias eram estranhas.
A minha mãe não tinha que fazer quimioterapia nem radioterapia mas ia ser feita a cirurgia para remoção de todo o tecido mamário esquerdo, tecnicamente uma Mastectomia.

Quando? Ninguem sabia dizer!
Ia ficar em lista de espera pois apesar de o tumor dela ser maligno era "apenas" Grau 1 e todos os casos mais urgentes tinham prioridade.

Posto isto, saímos em silêncio e a minha mãe começou a chorar. O meu pai assim que a viu desapareceu à nossa frente posivelmente também para poder chorar.
Curiosamente eu não deitei uma lágrima mas hoje percebo que ao longo do processo fui mudando a minha escala de medos.

Ou seja, a partir do momento que soube que a minha mãe tinha cancro todos os dias à noite, na privacidade do meu quarto, chorava até adormecer para não o fazer em frente à minha mãe.
No início chorava e pedia para que ela não morresse, não tivesse que tirar o peito, não lhe caisse o cabelo.
Com o passar do tempo queda de cabelo e ausência da mama foram saindo das minhas preces naturalmente.

A partir do dia que soube que a minha mãe ia ser operada, passei a pedir apenas que ela vivesse para poder aproveitar um pouco mais a vida dela, coisa que nunca fez até adoecer.

terça-feira, 23 de março de 2010

A primeira espera.


Nunca me custou tanto o tempo a passar. Um mês teve a duração de uma eternidade.
Não sabia o que pensar. Ainda estava de férias e as aulas começavam a aproximar-se.

Na minha cabeça havia apenas uma questão. O que vai acontecer a partir daqui?

Foi um período de tempo curto, mas horrível. Havia dias em que a minha mãe estava calma e em que acreditava genuinamente que tudo não passava de um grande susto, outros porém, o desespero instalava-se e era o caos. Choro, nervos, gritos... Uma tristeza.
O desespero é triste e cobarde.

Até que um dia o telefona toca. Eu estava sentada na cozinha e foi a minha mãe que atendeu. A notícia era agridoce. A biópsia não acusava células cancerígenas mas o médico queria repetir para ter a certeza absoluta.
Eu, no entanto tinha a certeza que aquele resultado estava errado! Algo dentro de mim disse: Não é verdade!

Na semana seguinte lá estávamos nós em Coimbra para ela repetir a malfadada biópsia. O que eu não sabia é que esta iria ser um pouco diferente da anterior.
Estivemos algum tempo na sala de espera até chamarem a minha mãe e ela estava, apesar de tudo, bastante relaxada. Eu também, pensávamos ambas que a natureza do exame seria igual ao anterior.

Alguns minutos depois ela é chamada e eu fico na sala de espera, mais uma vez sozinha pois o meu pai simplesmente desaparecia nestes momentos. Quem pode culpá-lo? Eu não. Aliás até apreciava mais a solidão em que me perrmitia abstrair totalmente evitando desta forma conversas de circunstância visto que a fragilidade de ambos não nos permitia falar frontalmente sobre o assunto que mais nos atormentava.

O meu tempo era passado a jogar no telemóvel para esquecer que estava dentro do Hospital do Cancro. IPO. Qual IPO? É apenas uma sigla pomposa para esconder o verdadeiro propósito da existência daquele Hospital que só trata cancros. CANCRO. CANCRO. CANCRO. Merda! É o que tenho a dizer sobre isto. Merda para o cancro e merda para as relações humanas que de tão ricas enfraquecem o ser.

O cancro é o meu maior inimigo e o meu maior medo. Estou farta de sentir medo. estou farta de caminhar na sombra da esperança que ele não me encontre. Tenho MEDO!!! MEDO!!!! Tenho medo que este sacana me roube as pessoas que eu amo. Gostava de sentir ódio para ganhar alguma força mas não consigo. Sinto-me esgotada.
Esta experiência que relato foi a primeira e traumatizou-me para sempre. Nunca mais fui a mesma pessoa e nunca voltarei a recuperar. Tudo o que eu possa vir a ser daqui para o futuro, será sempre uma pálida lembrança daquilo que eu era. Mas o que está feito feito está e não há volta a dar.

Estive seguramente a jogar Snake no telemóvel durante quarenta minutos até que o gongo se fez sentir na minha cabeça. Porra! Tanto tempo! Como é possível?

Esperei, desesperei e chorei. O que é que raio se estava a passar? Eu queria a minha mãe! Apeteceu-me apertar o pescoço à primeira pessoa vestida com farda de Hospital que me apareceu pela frente mas como é óbvio não o fiz. Essas coisas só costumam resultar nos filmes.

Alguns instantes depois a porta abre-se. Era ela. Pálida como cal de parede. Tinha um braço ao peito. Olhou para mim emitindo um pedido de socorro. Levanti-me num pulo e corri para a amparar. Assim que os meus braços a envolveram deixou-se descair e desmaiou-me nos braços. Carreguei a minha mãe até à saída para que o ar fresco a pudessse despertar.

Quando finalmente apanhou ar fresco no rosto, gemeu mas para minha felicidade disse que queria comer.
Seja feita a sua vontade. Fomos até ao bar, com ela já a caminhar e tomámos então o pequeno almoço. Devo ressalvar alguma coisa boa dos tempos de grande frequência hospitalar. Os croissants daquele bar eram no mínimo DIVINAIS!!!
Como ela estava com o braço ligado fui eu que lhe dei a comida mas ela pouco melhorou.

Só quando saímos do Hospital CANCRO é que ela disse o que tinha acontecido no bloco cirúrgico onde decorreu a biópsia. Em termos extremamente leigos explico: a biópsia que foi feita para dissipação de quaisquer dúvidas tinha sido muito mais agressiva e invasiva. A sangue frio, sem anestesia, foi feito um corte na mama de forma a alcaçar o tumor e retirar tecido do mesmo. Ou seja, a minha mãe foi cortada a sangue frio sem anestesia para que pudesse ser recolhida uma amostra do tumor para análise.

O corte era bastante profundo e a quantidade de tecido removida era impressionante.

Após o pequeno almoço tomámos o regresso a casa. Como um azar nunca vem só, para além de estar um calor abrasador e a minha mãe estar impaciente com dores, o carro resolve avariar perto das Caldas de Felgueiras.
Acho que foi o radiador do carro que estava a dar o berro. Seja como for, foi muito complicado chegar a casa visto que o meu pai estava possesso, a minha mãe desligou com as dores e eu sentia-me perdida no espaço e no tempo sem saber o que fazer.

Pela minha cabeça só passavam ideias de morte, pois para mim era a única escapatória possível que estava livre de qualquer tipo de sofrimento. Nunca me tinha sentido sentimentalmente encurralada e não estava ser nada agradável. Eu só não queria perder a minha mãe mas no meio de tanta incerteza e sem qualquer indicação do caminho a seguir a morte de todos nós parecia o mais lógico e menos doloroso.

Foi nessa altura que aprendi que a vida tão depressa é mãe como madrasta e que assume um dos papéis conforme a necessidade de ensinamento. Eu precisava de crescer. Mas só percebo isso agora.
Para mim nessa altura a puta da vida foi mesmo madrasta. Mas enfim!
Suponho que tenha aprendido algo como a brevidade da vida e com a importância dos sentimentos. O facto é que me tornei numa pessoa medrosa e instável que neste momento tem medo até do próprio ar que respira. Quando é que este tormento vai acabar??? Quando? Preciso de deixar de sentir medo.

Seja como for, o meu pai lá conseguiu por o carro a trabalhar e conseguimos chegar a casa.

A partir desse dia assumi o controlo total da casa. Todos os afazeres domésticos estavam por minha conta e fazia questão que assim fosse. O objectivo era apenas um: a recuperação rápida da minha mãe.

Não sei se foi devido ao descanso, se devido ao regime alimentar que implementei lá em casa, ou se pelo carinho recebido o que é facto é que a minha mãe recuperou rapidamente. De cada vez que ia fazer o penso ao Centro de Saúde as enfermeiras ficavam espantadas com a velocidade que a ferida estava a sarar. Isso deixava-me feliz.

Entretanto estava-se a chegar a altura de voltar às aulas. Sei que entretanto vim a Lisboa fazer a matrícula mas não me recordo de nada.

O regresso a Lisboa, ao contrário do que era habitual, estava a deixar-me tensa e muito irritada. Não queria voltar mas também não queria estar ali embora não me sentisse capaz de abandonar a minha mãe enquanto mais uma vez esperávamos pelo resultado definitivo.

Ainda assim, no final de Setembro os meus pais vieram trazer-me a Lisboa, coisa que só tinha acontecido no primeiro ano de Faculdade.

Quando os vi partir senti-me livre por alguns instantes mas assim que caí em mim, senti uma tristeza invadir-me o corpo que tomou conta de mim de tal forma que durante cerca de duas ou três semanas passava o tempo em casa de pijama e ver televisão e a dormir.
Sentia-me morta.

quinta-feira, 11 de março de 2010

....


O Domingo, ao contrário do que seria de esperar, visto ser véspera de consulta, foi tranquilo.
Gerou-se até mesmo uma espécie de euforia que só o medo é capaz de provocar.
Houve até mesmo alturas durante as nossas conversas que se chegou a pôr a hipótese de engano...

No entanto a expectativa sentia-se no ar.

O que vou dizer a seguir poderá soar uma brutalidade mas é a mais pura verdade. Nessa noite, quando me deitei fui surpreendida com uma sensação de alívio! Apesar do terror que dominava o meu corpo sentia-me estranhamente aliviada. E era uma sensação muito agradável porque o peso que eu sentia desde criança subitamente tinha desaparecido. O "mal ruim" tinha-nos encontrado e a minha espera tinha terminado.

No dia seguinte os ânimos continuavam iguais aos do dia anterior. A consulta estava marcada para as duas horas da tarde em Viseu e não tenho qualquer lembrança se almoçámos ou não.
A viagem foi tensa e a entrada no consultório ainda pior.
O meu pai não quis entrar e como tal acompanhei a minha mãe à consulta.


O médico recebeu-nos muita cortesia e delicadeza, no entanto, com o decorrer da conversa mudou radicalmente o seu comportamento. Tornou-se extremamente agressivo, começou a falar muito alto, a gesticular imenso e basicamente dizia coisas sem nexo.
Lembro-me perfeitamente de me começar a sentir dominada pela raiva e enquanto ele barafustava eu só conseguia imaginar-me a pular da cadeira e esbofeteá-lo para que se controlasse, afinal de contas ele era o médico e como tal, o dever dele era serenar os ânimos e não exaltá-los ainda mais.

A única coisa decente que fez foi contactar um colega de profissão que tinha consultório em Coimbra e que por sinal era também médico no IPO e assim o processo seria conduzido mais rapidamente.
Quando terminou a chamada disse-nos que no dia seguinte teríamos que estar em Coimbra às duas da tarde para a minha mãe ser examinada.
Nada mais adiantou e levantou-se para nos acompanhar à porta com o desejo estampado na cara de nunca mais nos querer ver à frente.

Resta-me dizer que o desejo era mais que recíproco.

Quando cheguei à rua estava possessa de raiva. Sentia a cara em brasa e o coração batia descompassado. Afastei-me por alguns minutos dos meus pais e belisquei-me na barriga com toda a força que pude para chorar e desabafar o ódio que estava a sentir.
Não consegui chorar mas a dor foi forte o suficiente para me acalmar e depois de respirar fundo voltei para junto dos meus pais.
A minha mãe estava ainda a relatar os acontecimentos ao pai por isso optei por ir para dentro do carro, deitar-me no banco de trás e esperar em silêncio.
Como é óbvio, o clima familiar ficou bastante alterado e o espírito com que fomos à consulta no dia seguinte não era o mais feliz.


O médico que nos atendeu, o Dr. D. foi extraordinário. Apesar de não ser de muitas palavras, recebeu-nos muito cordialmente. Nessa consulta entrámos os três.
Inicialmente quis examinar a minha mãe. Foi encaminhada para uma salinha e nós os dois, o meu pai e eu, ficamos no consultório sozinhos.
Nenhuma palavra foi proferida durante o tempo que durou o exame.


De seguida, e já novamente todos no consultório, pediu pra ver o relatório da mamografia que ainda estava na minha posse e após uma longa pausa disse estas palavras: " O dever de um médico não é iludir os pacientes mas sim dizer-lhes a verdade.
Neste momento não tenho nada de concreto para lhe dizer até fazermos a biópsia e o resultado, mas devo alertá-la para o possível quadro que se apresenta. O tumor está localizado no seio esquerdo numa posição muito má. A maior parte dos tumores da mama encontram-se do lado exterior, próximos da axila.
O seu, está no no lado oposto, por baixo do esterno, o que significa que a haver metásteses elas se expandirão para orgãos internos como o estômago, os pulmões e coração. "

A minha mãe começou a chorar e o médico, tomando mão dela disse: " Estou apenas a prepará-la para o pior. Até agora a única certeza que temos é que o tumor está lá. Vai ter coragem e Quinta Feira quero-a logo de manhã no IPO para fazermos a biópsia."


Apesar das palavras terem sido duras de ouvir o médico tinha cumprido o seu papel e senti que dentro do que lhe fosse possível ele iria ajudar a minha mãe.
O mai pai saiu do consultório pior que nós as duas e essa foi a última vez que ele entrou nas consultas. A partir daí fomos só as duas.

Durante esses dias outros factos aconteceram e que me abalaram muito mas que denotam bem a essência humana e o comportamento das pessoas em situações de extremo.
No entanto, por não terem já qualquer importância não são dignos de nota, apenas de um comentário, seja onde for que estejas espero que a tua consciência te perdoe.

Na quinta feira de madrugada lá saímos nós de casa a caminho de Coimbra desta vez para o IPO - Instituto Português de Oncologia. Desta vez a solenidade do acto era maior porque íamos para um local onde só são tratadas doenças do foro oncológico e nada mais. Ao chegarmos senti um aperto no peito e uma certeza, aquela seria a primeira de muitas visitas àquele Hospital.
A minha mãe apresentou-se e de imediato foi aberto o processo. Foi encaminhada para o laboratório, a fim de serem feitas análises ao sangue e de seguida fomos com ela para a ala cirúrgica onde ia ser feita a biópsia.

Após alguns minutos à espera ela foi chamada e nós ficámos na sala de espera. Ela ainda olhou para trás e sorriu o que me reconfortou bastante.
O meu pai, assim que deixou de ser avistável pela minha mãe, uma vez que o corredor era envidraçado, foi até à rua espairecer. Eu fiquei.
Fiquei a ambientar-me ao local.

Recordo-me que estavam quatro pessoas na sala de espera para além de mim. Um casal idoso, um homem sozinho de meia idade e uma rapariga bastante jovem.
Na salas de espera é impossível não ouvir as conversas que vão ocorrendo entre as outras pessoas. Percebi então que do casal de meia idade o Sr. estava a aguardar internamento para remoção de tumor na próstata. O homem sozinho, estava à espera da mãe que tinha ido fazer uma biópsia e a rapariga jovem tinha 21 anos e um cancro de pele.
A porta abriu-se e o meu coração deu um salto! Não era a minha mãe. Quem saiu, era uma senhora já de bastante idade que se dirigiu ao homem que esperava sozinho e recordo-me de pensar que muito feliz eu seria, se a minha mãe chegasse a velha.

Estes pensamentos fizeram-me chorar enquanto esperei pacientemente durante 42 longos minutos.

Quando a minha mãe finalmente saiu, corri na direcção dela para a amparar pois ela estava branca como a cal.
Saímos dali e fomos ao bar do Hospital tomar o pequeno almoço visto que estávamos todos em jejum por solidariedade.
Após o pequeno almoço foi quando a minha mãe contou o que se havia passado no bloco cirúrgico. A biópsia não tinha sido nada mais que injectar uma seringa gigante na mama em direcção ao tumor de forma a retirarem material para análise.

O resultado ia demorar cerca de um mês. Só nos restava esperar que o telefone tocasse.

quarta-feira, 10 de março de 2010

.....

A muito custo a viagem lá foi feita com sucesso. Chegámos a casa sãos e salvos mas eu estava destroçada.
E agora? Era o meu único pensamento.

Ao entrarmos em casa a minha mãe foi directamente para o sofá e o meu pai foi até à oficina.
Todos temos o nosso local de meditação, o dele é lá, entre martelos e berbequins.

Por instantes fiquei parada na cozinhaa olhar para a minha mãe sem saber o que dizer e como nenhuma ideia surgiu naqueles instantes resolvi ir ter com o meu pai.

Deparei-me com ele pasmado a olhar para a bancada das ferramentas e o meu primeiro impulso foi abraçá-lo. Assim fiz mas o resultado não foi o esperado. O meu pai afastou-me, olhou-me nos olhos e perguntou: "O que é que te disse o médico?"

Perante esta pergunta directa acobardei-me e não fui capaz de responder com sinceridade por dois motivos: não era capaz de o magoar ainda mais e apesar de tudo considerei que a minha mãe tinha que ser a primeira a saber.
Respondi com uma meia verdade. Disse-lhe que o médico disse que a situação tinha que ser vista, que era grave mas que não tinha adiantado mais.
Perante isto o meu pai suspirou, deixou cair uma lágrima e disse que ia dar uma volta. Pegou na chave do carro e saiu.

Fiquei novamente sozinha. O silência era de tal forma absurdo que conseguia ouvir o respirar pesado da minha mãe no andar de cima.
Engoli em seco, subi as escadas e fui ter com ela. Como ela ocupava o sofá não me era possível ficar a seu lado, então, ajoelhei-me e encostei a minha cabeça à dela e começamos a chorar sem dizer palavra.
Não sei quanto tempo estivemos assim mas creio terem sido algumas horas pois entretanto anoiteceu.

Quando cessaram as lágrimas senti-me preparada para lhe contar.

Tomei as mãos dela nas minhas e com muito carinho contei-lhe o que o médico me tinha dito. Ela voltou a chorar e disse entre soluços que não ia ter coragem para se tratar.
Ouvi tudo o que ela disse. Eram palavras de desespero, desânimo, revolta mas acima de tudo de medo.

Eu estava paralisada. Pela primeira vez na vida senti a fragilidade da minha mãe e percebi que a partir desse dia nada mais seria igual. Os papéis tinham acabado de se inverter por tempo indeterminado.

Entretanto lembrei-me que tinha o exame na minha bolsa e impulsivamente abri-o. Lá dentro estavam as piores notícias possíveis. Eu estava a ler mas não estava a acreditar apesar de a palavra Carcinoma estar por mais que uma vez referida. Estava também indicada a dimensão do tumor mas é algo do qual não me recordo. Houve certas coisas que o meu cérebro, apesar de pouco selectivo, apagou do registo central para evitar um meltdown.

As horas foram passando e nós continuámos ali pelo sofá a conversar. Nunca nos lembrámos de jantar nem foram feitos quaisquer planos para o dia seguinte.

Já mais tarde o meu pai chegou e deparou-se connosco esparramadas no sofá, com os olhos inchados e pálidas de fome. Olhámos uns para os outros mas não havia nada a dizer.

Ele foi-se deitar e nós também.
No dia seguinte, sábado, recordo-me que acordei tarde e com a sensação de que tudo quanto tinha acontecido no dia anterior não passava de um sonho mau. No entanto, assim que me levantei e vi os olhos tristes da minha mãe, despertei para a dura realidade.
Respirei fundo e pensei que tínhamos o fim de semana para assentar ideias até à consulta de 2ª feira.

Mal eu sabia o que me esperava.

terça-feira, 9 de março de 2010

Em busca de mim.

Antes de começar por dizer o que quer que seja convém dizer o que se passou desde o último post.

Depressão e não há muito a dizer.

As causas foram muitas para que chegasse ao que cheguei, mas cerca de dois meses volvidos, começo a perceber o que efectivamente de errado se passa e no que depender de mim vou fazer o que puder para lutar contra isto e fazer não só do mal a cura mas também a luta da minha vida.

O meu maior medo.  O cancro. 

Desde que me conheço por gente que sinto uma angústia dentro de mim. Apesar de ter tido uma infância maravilhosa, sempre senti que algo, a qualquer altura, poderia vir abalar a felicidade que eu sentia.


Das várias hipótese que ia considerando, na tentativa de iludir a que era real, nenhuma me causava o impacto daquele temor. O medo da morte. O medo da morte da minha mãe.

Só o pensamento era aterrador. Quando era criança era muito apegada à minha mãe, ainda hoje sou, mas naquela altura a minha mãe era o meu mundo. Se ela desaparecesse eu ficaria desamparada e só de considerar a hipótese começava a sentir aquela dor que me apertava o peito e me sufucava sem piedade. Quando isso acontecia chorava imenso, por vezes até no colo dela. Com muito mimo e beijinhos a dor lá acabava por passar mas sempre temporariamente.

Quando comecei a crescer essa sensação de tormento dissipou-se graças muito em parte à parvoeira que é a fase da adolescência. No entanto, com o passar do tempo e com o despertar para o mundo real, percebi que existia uma doença que aterrorizava às pessoas de tal forma que nos meios mais pequenos o cancro é habitualmente denominado como "um mal ruim".

É sem dúvida o Voldemort das doenças e creio que as pessoas não dizem o nome da doença para evitar que esta se chegue perto delas.

Demorei bastante tempo para perceber o que era o malfadado "mal ruim" mas sabia que esse sujeito já tinha rondado de perto a minha família.
O meu avô paterno faleceu vítima de cancro na próstata tinha eu quatro anos e a morte dele marcou para sempre o meu pai.
Alguns anos mais tarde, calculo que eu tivesse cerca de dez, onze anos, foi a vez de uma irmã da minha mãe sucumbir a um cancro no pâncreas.

Aconteceram outros casos igualmente fatais na família, não em parentes directos, mas ainda assim sempre consegui detectar a consternação e terror no olhar das pessoas na hora de serem prestadas as últimas homenagens.

Com o passar do tempo acabei por interiorizar que quem tivesse "um mal ruim" estava condenado mas nunca considerei que tal tragédia acabasse por atingir a minha família directa até ao dia que numa reportagem na televisão estavam a falar sobre o cancro na mama.


Gelei! Fiquei a ouvir até ao final com muita atenção e nesse momento soube que aquilo ia acontecer. Até hoje não percebo o porque motivo pelo qual tive essa certeza mas o que é certo é que uns anos mais tarde se iria revelar numa fatal verdade.
A partir desse dia passei a ler com o máximo interesse tudo o que estivesse relacionado com cancro. Panfletos, cartazes nos consultórios médicos, reportagens em revistas da especialidade enfim. Tinha necessidade conhecimento para de alguma forma me poder previnir, ou até mesmo defender do mal que eu sabia estar para vir.


Fiz sempre questão que a minha mãe fosse religiosamente às consultas ginecológicas de rotina e que fizesses os respectivos exames de diagnóstico. Estava sempre tudo bem.


Entretanto os anos foram passando, eu cresci e vim para a Universidade. Apesar da distância não me afastei dos meus pais muito pelo contrário, a saudade constante aproximou-nos ainda mais.
Conheci várias pessoas, novas culturas, adoptei uma outra postura, no entanto nunca fui capaz de me livrar daquela maldita angústia que a toda a hora me gritava que tudo o que eu fizesse era temporário e em vão. Demorei muito tempo para me concentrar nos estudos e progredir na vida académica.


O ano em que resolvi ignorar a voz e fazer face aos meus próprios medos foi o ano que a a minha vida mudou para sempre mas também, por ironia, o mais brilhante na faculdade
Lembro-me como se fosse hoje, que na casa onde eu tinha um quarto alugado, vivia também uma rapariga de Portimão que estava em Lisboa a tirar o curso de Administração Hospitalar. Conversávamos muito e a I. era uma pessoa de quem eu gostava bastante.

Numa das nossas longas conversas nocturnas ela falou-me sobre o tema do trabalho final que tinha que apresentar para conclusão do curso que era nada mais nada menos que um estudo sobre o aparecimento de cancro na mama em mulheres que faziam a terapêutica hormonal durante a menopausa. A minha mãe estava a fazer essa terapêutica... Fiquei muito preocupada e ansiosa.

Assim que fui a casa passar o fim de semana falei com a minha mãe sobre o assunto e combinámos falar com o ginecologista dela na próxima consulta só para aliviar a consciência dado que a maior parte dos médicos são contra esse tipo de medicação.

Fomos à consulta, na qual expusemos essa questão ao Dr. V o qual riu dizendo que: "estes comprimidos são uma maravilha. As mulheres nem velhas ficam! Tomaram os homens quando chegam à Andropausa ter um tratamento assim que ficam velhos e com as peles descaídas. Além disso as análises estão óptimas e tem aí uma pele lisinha sem rugas!"
Quem fala assim não é gago, como diz o ditado, e por algum tempo sosseguei. No entanto, com o passar do tempo outros sinais iam despertando a minha atenção como a palidez esverdeada da minha mãe, o cansaço extremo que ela sentia após tarefas aparentemente simples, um apetite voraz mas uma crescente perda de peso para além daquela pregazinha que lhe apareceu no seio esquerdo e que chegámos a comentar mas sem dar especial atenção.

No dia 30 de Agosto de 2002 a minha mãe foi fazer a mamografia de rotina a Coimbra e o meu mundo ruiu.
Se há episódios que não se apagam da minha memória, esse é sem dúvida um deles dado que tal foi a intensidade do choque que sou ainda capaz de descrever em pormenor tudo o que se passou naquela tarde.

A minha mãe foi chamada para a mamografia e eu fiquei com o meu pai na sala de espera a ler um artigo da Visão sobre o perfil dos incendiários de Verão. Confesso que estava interessadíssima de tal maneira na leitura que nem dei pelo tempo passar. Só quando o meu pai, pálido me diz para ir ver da minha mãe pois já estava demorada é que despertei.
Pousei a revista e percorri o corredor em L da clínica até chegar a uma outra sala de espera destinada a quem ia fazer exames onde me deparo com a minha mãe a fitar o chão e a roer nervosamente uma unha.

Perguntei-lhe o que se passava ao qual ela balbuciou alguma palavras sem nexo e quando por fim me encarou, tinha os olhos arregalados de pânico e diz: " Viram qualquer coisa, mandaram-me repetir o exame. Quando o médico vier cá fora vai falar com ele."

Dito isto calou-se voltou a fixar o chão. Fiquei junto dela mas sem me sentar. Sentia-me tonta. Passados alguns minutos abriu-se uma porta e saiu o médico com o exame na mão para entregar à minha mãe. Antecipei-me para ser eu e receber o envelope,apresentei-me e perguntei-lhe se se passava alguma coisa ao qual ele respondeu: " Venha comigo!". E eu fui.

Fui a ziguezaguear por entre corredores repletos de portas de vestiários até chegar ao gabinete dele. Assim que abriu a porta e me mandou entrar tive que semicerrar os olhos porque estava inundado de luz.
Não fui convidada a sentar-me e sem grandes predicados o médicos em resposta à questão que eu lhe havia colocado - O que é que se passa com a minha mãe? - me diz que ela tem um nódulo na mama esquerda que tem que ser removido com urgência.

Fiquei completamente aparvalhada. De tal forma que não registei o que ele disse e inocentemente pergunto: " Um nódulo? Um caroço? Pode ser um gânglio sebáceo....".

A resposta foi dita como uma sentença mas que ainda assim não compreendi: " A sua mãe tem um cancro que deverá ser retirado o mais rápido possível. Tem que consultar o ginecologista que a encaminhará para o IPO para fazer o quanto antes uma biópsia para se detectar se é benigno ou maligno."
Ainda tentei colocar mais algumas questões mas sem grande sucesso visto que eu própria não conseguia articular palavras nem tão pouco ouvir o que estava a dizer.

Sem grande demora conduziu-me à saída do seu consultório e assim que a porta se fechou tive a noção que não fazia a mais pequena ideia do caminho de volta.
Ao mesmo tempo desejei que assim fosse. A última coisa que eu queria naquele momento era encarar os meus pais, em especial a minha mãe.

Comecei a andar aos tropeções, a sentir falta de ar e em pânico porque não sabia como sair dali. Instintivamente enquanto caminhava ia abrindo todas as portas que me surgiam pela frente na esperança que alguma fosse a certa e me tirasse daquele maldito labirinto.
Finalmente abri a porta certa e mesmo em frente estavam os meus pais. Fechei a porta atrás de mim e quando me dirigi a eles pedi-lhes que fôssemos embora.

Saí na frente deles. Sozinha. Precisava de pensar. Precisava de arranjar um plano, uma estratégia para não dar seguimento ao que tinha ouvido e acima de tudo precisava de sair dali.

Ao atravessar o átrio do prédio até à porta de saída reparei o sol essa tarde tinha um brilho amarelado doentio. Era um daqueles dias quentes de final de Verão nos quais o sol se começa a despedir e perde o brilho radiante do Julho para uma luz cansada e doente.
Cheguei finalmente à rua sem qualquer plano definido. Os meus pais vinham imediatamente atrás de mim e pediram-me para parar.

Encostados a um muro disse-lhes apenas que a ida deles para a Suiça teria que ser adiada visto que a mãe tinha que fazer uma biópsia o quanto antes.
O desespero instalou-se mas o silêncio foi mais forte e percorremos o trajecto até ao carro no mais absoluto silêncio. Chegados ao carro, a minha mãe pediu-me para ir no banco de trás. Eu disse de imediato que sim, mas não sem antes guardar bem o envelope com o resultado do exame dentro da minha bolsa.

Pouco depois de entrarmos no carro ela deixou-se dormir. O meu pai conduziu calado até casa e eu desejei mais que nunca que tivéssemos um acidente no qual morressemos os três só para não ter que dizer à minha mãe que ela tinha um cancro.

sábado, 16 de janeiro de 2010

O que tem de ser não anda com muita força...

Há alturas em que pura e simplesmente não se consegue continuar mas é muito difícil admitir que se está no lodo.

 Pensei que conseguia sozinha mas não. Preciso de ajuda! Necessito de afastar-me por uns dias até as coisas acalmarem.

O céu para mim desabou no momento em que ganhou mais uma estrela. Onde quer que estejas, olha por nós.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Cansaço.


Hoje não é um dia brilhante.

Não porque algo tivesse corrido mal mas porque a minha mente tem contornos tortuosos.

Canso-me de mim. Canso-me de viver.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Compras.


Hoje felizmente está sol e nem vislumbre de chuva. Eu que até gosto de uma boa chuvinha tenho que confessar que já ando farta de tanta água. 

Ontem, após grandes diligências entre o frigorífico e a despensa lá decidi: arroz de carne com legumes. Ele gosta e eu também. Não dá muito trabalho e fica bom.

Hoje não voltamos à mesma saga porque já tenho algo em mente: bifes de perú grelhados com qualquer coisa. Ainda não sei bem o quê mas o improviso normalmente sai bem. Como o de ontem.

Depois de jantar estivemos a ver um filme, Dorian Gray. A história é do Oscar Wilde. O filme não gostei muito, mas a história, o que posso dizer? É um clássico.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ai ai ai!


Estou a planear a minha tarde de actividades domésticas e ao mesmo tempo tenho que tentar descobrir o que vou fazer para jantar.

Não é fácil, a sério. Um dia após outro a cozinhar as ideias vão-se esgotando para além de que quando surge do nada uma ideia luminosa (pelo menos comigo) acontece sempre uma destas duas situações:

- a ideia luminosa não é nada mais do que a lembrança um prato que fiz ou comemos em algum local há três dias atrás e desisto porque não gosto de repetir pratos num curto espaço de tempo;

- vou desenfreada em busca dos ingredientes e reparo que falta um um elemento essencial.
Exemplo: risotto de espargos acompanhado de peito de frango grelhado.Quando começo a reunir os ingredientes na bancada da cozinha... Surpresa! Ou falta o frango, ou os espargos, uma decepção.

Percebo agora a angústia da minha mãe quando não sabe o que fazer para jantar ou para o almoço do dia seguinte. É horrível.

Ontem fiz o que a minha mãe chama de carne de panela. Fica uma delícia. Basicamente é carne de vaca cozinhada ao vapor previamente frita em azeite, muito alho e tomate.
Para hoje...  hummm. Já se vê.